quarta-feira, 4 de junho de 2014

Epifania

Certa vez,
disseram-me que o universo está em constante expansão.
De total racionalidade e sentido.
Como não expandir? Como não crescer?
E que o céu não seja o limite, que a iluminação seja infinita
que o coração dilate, que o corpo aprenda e adapte-se .
Mas sempre mantendo a paz do início, para chegar à euforia do fim.
porque é preciso saber que a vida não é eterna,  apenas para o corpo.
a energia deve manter-se em cadeia na natureza...
Dando continuidade, iniciando novos ciclos, tornando-se eterno.

Sinto-me universo, sinto-me expandir.

(Amanda Nunes)

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Tempo II

Eu quero reviver as histórias de um bom livro
Ter a calmaria de um mar tranquilo
Quero ficar longe dessa tua manha, desse teu riso
Quero de volta o que é meu, quero meu juízo.
É loucura demais, paixão em demasia
Quero você, mas contigo não consigo
Quero minha maresia.

E pode a saudade bater
Não irei atender
Não há ninguém em casa
Estamos de férias.
E meu coração de folia, caiu nos braços da avenida
Se perdeu no tumulto 
Não quer mais voltar pra casa.
E não vai.

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Encruzilhada


O que queres de mim, vida?
Estás sempre a me soprar a beira de um precipício
A me afogar em mares revoltos
Me pões numa estrada que desconheço.
Para que lado seguir?
E no meio do caminho, flores...
Flores a beijar, sentir o aroma, conhecer
Para depois, deixá-las para trás
Assim que o néctar,o encanto acabar.
O que queres de mim, vida?
Só me fazes perguntas, mas nenhuma dica
E cobra-me, incansavelmente, cobra-me respostas.
Respostas que definirão meu próximo passo,
definirão um caminho.
Mas... qual seria o próximo passo a dar?

O que queres de mim,vida?

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Nas ruas

Segura o grito da moça
que ela vai contar
que belos montes não pode mais ver
que chora o índio e a mata
mas o povo não acata, tem terra pra vender.

Segura o grito da moça
que ela vai contar 
as verdades que ninguém mais quer ver.
o mundo doente, o Estado militar
com o guardanapo limpam o sangue a escorrer.

Segura o grito da moça
que subiu no palaque, vai discursar
Mostrar toda sua indignação
Jogam panos, pro corpo não mostrar
Abafam o saber que fará revolução
Porque lugar de moça, pra alguns, é no fogão.

Segura o grito da moça
que ela quer perguntar
Mas professores não há para lhe responder
Eles foram extintos na avenida
Nas ruas, nas praças, na câmara da vida

Segura o grito da moça
Da moça e de toda população
Dos excluídos, dos mascarados
Dos que gritam pela revolução.


(Amanda Nunes)


sábado, 6 de julho de 2013

Meu primeiro samba



Pra ser feliz,
não precisa disso tudo, meu bem.
qualquer exagero caminha à imperfeição.
Não vê que o riso da moça é lindo por si só?
Que o céu é sempre azul
e que a lua é bonita,
mas pra quem sabe ver?
Que o teu rosto colado no meu,
é o suficiente
por essa noite.

Pra ser feliz,
só preciso do teu amor, meu bem.
Basta me amar com jeitinho,
me fazer um carinho.
Chega mais perto do meu coração,
sem temer o amanhã e sem pensar
no que eles vão dizer.
Deixa teu cheiro de flor grudar em meu peito...
Depois te deixo sem jeito
com um elogio qualquer.

Pra ser feliz,
só preciso de nós dois, meu amor.
Num barzinho, um fim de tarde
A cerveja bem gelada
Teu riso solto
Depois voltar, assim, feliz
Pra nossa casa.

domingo, 26 de maio de 2013

"Hoje o tempo voa amor..."



    Eram apenas 6:30 da manhã de hoje quando o telefone tocou, e eu recebi a notícia de que a minha tia-avó havia falecido. Fiquei triste, claro, afinal gostava muito dela. E pensando nela, acabei me recordando da minha infância, em que ela estivera presente, e foi aí que me dei conta de como o tempo voa.

    Não que eu já não soubesse disso, mas hoje, talvez por que estivesse um pouco mais sensível, essa sensação me veio mais forte, mais intensa.
    Não sou nenhuma anciã, nem tenho 70 e poucos anos e sou cheia de histórias para contar, nada disso. Tenho apenas 17, sou vestibulanda e estou me preparando para uma vida independente. Mas nada disso me impede de olhar ao meu redor e conseguir perceber o rastro do Senhor Tempo, pessoas que conheço estão envelhecendo, outras estão partindo, o último ano no colégio, amizades eternas se desfazendo e até em outras coisas bobas o tempo se faz presente, como uma roupa que não cabe mais, flores que eu plantei que estão prestes a florescer, o meu irmão mais velho indo morar sozinho, o cabelo do meu pai ficando grisalho...
    Não é fácil perceber e aceitar essa condição, afinal, quem gosta de dizer adeus? Quem não teme às mudanças? Mas ao mesmo tempo que isso assusta, vem aquela excitação, sensação e cheirinho de coisa nova chegando, como primeiro dia de aula. É uma delícia perceber o quanto estou “moça”, me tornando adulta, o quanto cresci, e com certeza, o quanto ainda vou crescer.
    Consigo lembrar perfeitamente de quando era mais nova, eu achava os exploradores dos desenhos animados o máximo, também queria sair por aí conhecendo o mundo e ainda por cima salvando todos os animais que “estivessem em apuros” – sou ambientalista desde cedo e só me dei conta agora - e hoje tenho outros sonhos, tenho mais utopias e objetivos, mais maduros ou não, mas eu mudei, e a culpa é do tempo.
    Tem gente que se deprime ao perceber tudo isso, com medo de ficar velho ou qualquer outra coisa. Já eu, estou adorando essa ideia, essa sensação do tempo passando, do tempo escorrendo pelas minhas mãos, mesmo com todas as perdas no meio do percurso.
    Enquanto você lê esse meu desabafo, eu estou lhe acrescentando algo, ou simplesmente concordando com o que outro dia você também pensou. E enquanto tudo isso acontece, o tempo está lá fora, no quintal, brincando de correr, e cabe a nós decidir: ficar admirando essa criança travessa, ou fazer amizade e brincar com ela.


Por seres tão inventivo
E pareceres contínuo
Tempo tempo tempo tempo
És um dos deuses mais lindos
Tempo tempo tempo tempo...”

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Labirinto



Verdade tossidas
Meias histórias
Meio sentimento
E assim segue a vida dessa moça aparente.

 A vida tornou-se um palco!
Bailo aqui, bailo para lá,
esquivando da plateia crítica.
Falando de uma memória inventada,
com passos muito bem ensaiados,
forçando um sorriso.
Mas quem se importa?
A moça é moça, isso basta para eles.

Tudo tão mal explicado, mal contado.
Nomes que não podem 
e não vão ser revelados,
beijos roubados,
danças e risos pertencentes a outro mundo.

Que hoje só podem ser sonhados.

No final do labirinto, percebo o que perdi.
E lá se vai minha menina.
Tão minha,
que só eu sei o quanto a amei.