Eram apenas 6:30 da manhã de hoje
quando o telefone tocou, e eu recebi a notícia de que a minha tia-avó havia
falecido. Fiquei triste, claro, afinal gostava muito dela. E pensando nela,
acabei me recordando da minha infância, em que ela estivera presente, e foi aí
que me dei conta de como o tempo voa.
Não que eu já não soubesse disso, mas
hoje, talvez por que estivesse um pouco mais sensível, essa sensação me veio mais
forte, mais intensa.
Não sou nenhuma anciã, nem tenho 70 e poucos anos e sou cheia de histórias para
contar, nada disso. Tenho apenas 17, sou vestibulanda e estou me preparando para uma vida
independente. Mas nada disso me impede de olhar ao meu redor e conseguir perceber o
rastro do Senhor Tempo, pessoas que conheço estão envelhecendo, outras estão
partindo, o último ano no colégio, amizades eternas se desfazendo e até em outras coisas
bobas o tempo se faz presente, como uma roupa que não cabe mais, flores que eu
plantei que estão prestes a florescer, o meu irmão mais velho indo morar sozinho, o
cabelo do meu pai ficando grisalho...
Não é fácil perceber e aceitar essa condição, afinal, quem gosta de dizer
adeus? Quem não teme às mudanças? Mas ao mesmo tempo que isso assusta, vem aquela
excitação, sensação e cheirinho de coisa nova chegando, como primeiro dia de aula. É uma delícia perceber
o quanto estou “moça”, me tornando adulta, o quanto cresci, e com certeza, o
quanto ainda vou crescer.
Consigo lembrar perfeitamente de quando era mais nova, eu achava os
exploradores dos desenhos animados o máximo, também queria sair por aí conhecendo o
mundo e ainda por cima salvando todos os animais que “estivessem em apuros” –
sou ambientalista desde cedo e só me dei conta agora - e hoje tenho outros
sonhos, tenho mais utopias e objetivos, mais maduros ou não, mas eu mudei, e a
culpa é do tempo.
Tem gente que se deprime ao perceber tudo isso, com medo de ficar velho ou
qualquer outra coisa. Já eu, estou adorando essa ideia, essa sensação do tempo
passando, do tempo escorrendo pelas minhas mãos, mesmo com todas as perdas no
meio do percurso.
Enquanto você lê esse meu desabafo, eu estou lhe acrescentando algo, ou simplesmente
concordando com o que outro dia você também pensou. E enquanto tudo isso acontece, o tempo está lá fora, no quintal, brincando de correr, e cabe a nós
decidir: ficar admirando essa criança travessa, ou fazer amizade e brincar com
ela.
“Por seres tão inventivo
E
pareceres contínuo
Tempo
tempo tempo tempo
És um
dos deuses mais lindos
Tempo
tempo tempo tempo...”